Bela Liberdade



Bela Liberdade!!



A meia luz do sol ao lado de fora adentrava no grande cômodo repleto de livros, revistas, documentos, jornais e todo tipo de coisa que contivesse algum tipo de informação do seu interesse. Seja sobre sua mãe - desde que ela havia sido reeleita, todas as revistas e programas de TV só falavam disto - ou sobre ele, sua irmã ou sua prima.

E principalmente, mesmo que tenha se passado um ano, a informação sobre o namoro entre o "filho da primeira presidenta dos Estados Unidos com o neto da rainha da Inglaterra" ainda chocava alguns, o que tornava óbvio que não havia sido esquecido.

O quarto se mantinha bagunçado, desde a permanência de sua mãe na Casa Branca ele estava trabalhando ainda mais, e mesmo que não fosse do seu feito tal irresponsabilidade com o lugar, ele tinha de deixar alguns deveres de lado para se focar no trabalho, e isso envolvia sua cama continuar escondida em meio ao monte de torres de propagandas ou fichas e listas feitas por ele.

Sua mania de fazer listas quando estava confuso, indeciso ou envolvido com algum problema, não tinha sumido, e acabou resultando em pilhas e mais pilhas de listas, em temas mais divergentes impossível.

O moreno estava sentado na cadeira de sua cabeceira e deitado na mesa que continha duas pilhas. Uma de livros sobre relações públicas, administração e negócios. Outra de jornais, alguns atuais - envolvendo sua mãe - e outros não.

O mexicano havia passado sua noite em claro estudando. Precisava disto, desde a informação de seu namoro ter vazado - eles não disseram publicamente "estamos namorando", mas após criarem pulga atrás da orelha em alguns jornalistas pelos seus encontros em hotéis e restaurantes e ter dado a certeza depois de um breve selinho em um programa ao vivo, porque cansaram de namorar ás escondidas, todos passaram a saber - algumas pessoas passaram a apontar que este estava relaxado, pois desde então tem passado mais tempo no país do namorado, do que em seu próprio trabalhando. Não que fosse mentira.

Mas vamos ser francos:
1- Ele mora nos Estados Unidos e Henry  na Inglaterra, namoro via FaceCam ou por mensagens não é suportado por ninguém, eles precisavam de mais. Sabe? Qualquer um saberia o motivo.
2- Por ele ser filho da presidenta e ajudá-la com informações pessoais, públicas e administrativas e o outro ser o quinto na linhagem para governar, além de ser neto da rainha, ele tinha seus deveres. E por estarem ocupados, algumas vezes passavam quase o dia todo sem se falarem, e quando chegava a noite, cansados demais, apenas tinham tempo de mandar um "eu te amo, boa noite" para em seguida apagarem de sono.
3- Foda-se, o relacionamento é deles e eles sabiam o que faziam da vida.

Já beirava o meio dia e ninguém havia conseguido acordar o de olhos escuros. June havia tentando, gritou o nome do irmão e bateu com uma das revistas na cabeça deste, até cogitou a ideia de pegar um balde de água, mas sabia do esforço do mais novo então apenas deixo-o descansar, roubou umas duas ou três revistas e saiu. Nora foi outra, que sem pena nenhuma virou um copo d'água na cabeça do amigo, mas nem isso o fez mexer um músculo. Saiu do quarto depois, não perderia seu tempo com algo inútil, ele que acordasse por si só.

E por está em um sono tão profundo, não percebeu o loiro abrindo a porta, olhando ao redor do quarto já tão conhecido e mirando suas piscinas no namorado morto em meio a folhas e mais folhas. Quem se aproximasse mais poderia até ver a baba escapando. Acabou rindo da cena, o tão "poderoso Alex" - apelido dado pelo próprio dono - estava ali tão, digamos, de guarda baixa. Mesmo que ele fosse uma das pessoas mais próximas dele, sabia que o mexicano não é tão 'solto' como ele queria que fosse. Alex ainda tinha coisas a lhe contar, e Henry também. O loiro não reclamava pois é normal, namoram apenas a um ano e alguns meses afinal.

Aproximou-se. Olhou-o. A pele morena, os fios em tímidas ondinhas em tom castanho, os cílios grandes, a afeição tranquila. Henry amava cada detalhe em Alex, até mesmo seus defeitos, o temperamento, o esforço - que por ser detalhista e muito empenhado em seu trabalho, acabava se tornando um defeito em alguns momentos, pois algumas vezes eles deixavam de se falar por Alex está ocupado com coisas relacionadas a deputados, regentes ou seja o que for que envolva a Casa Branca. Henry não era santo, mas ele ainda fazia um pequeno esforço, já Alex não tanto pois não gostava de ser tirado atenção. Não que estivesse errado mas, poxa! - ou o fato dele ser tão perfeccionista que, às vezes, o loiro sentia-se no dever de abordá-lo. Quem no mundo preocuparia-se em saber se suas revistas e jornais estavam bem guardados e organizados por ano? Alex, claro.

Foi até um choque para ele quando o moreno começou a ser tão desleixado  com a organização de seu quarto, o que deixava nítido o quanto ele estava mergulhado e preso em tarefas e mais tarefas. Henry nem sabia como ele mantinha sua sanidade inabalável. No lugar dele com certeza não permaneceria tão calmo e alegre quanto ele aparentava ser por mensagens, chamadas e vídeos.

Óbvio, talvez fosse pelo fato de ele está realizando um de seus sonhos, mas o namorado ainda achava um exagero.

Colocou o prato que trouxe consigo em um espaço livre da cômoda, contendo dois pães bem recheados com alguma coisa que nem ele sabia, June o havia entregado quando ele chegou de supetão - nem seu irmão ou sua avó sabiam que ele havia viajado - e exigido que entregasse para o irmão, ou ela enfiaria na boca dele, mesmo dormindo. Henry assentiu, confuso, e só foi entender quando entrou no quarto, vendo-o dormindo. Sabia que havia passado a noite trabalhando e estudando, conhecia-o bem.

Pensou em sacudi-lo e chamá-lo, mas teve pena. Não queria acordá-lo, mas também a saudade não permitiria que ele ainda se mantivesse curioso em como ele iria reagir ao vê-lo ali tão de repente. Não se viam pessoalmente há dois meses, e nenhum tinha combinado nada. Mesmo que fosse mais normal Alex fazer aquilo - por ser mais fácil e menos trabalhoso. Diga-se "família complicada" - ele quase nunca fazia, apenas quando não se aguentava mais e dava um jeito de fugir. Mas ele sempre contava antes para o namorado. Nunca havia vindo de surpresa.

Sem perceber, acabou levando sua mão até os fios castanhos, iniciando um cafuné. Ainda mergulhado em questionamentos se o acordava ou não, suas queixas foram interrompidas quando o outro soltou um resmungo, ainda dormindo. Henry, não suportando mais, abaixou-se um pouco e deixou um doce selar nos lábios do moreno, o vendo abrir vagamente os olhos, sonolento.

- Bom dia, amor. - Disse, dando espaço para o outro erguer-se. - Sua irmã fez um lanche para você. - Por algum motivo estava acanhado. Queria jogar-se nos braços do namorado, enchê-lo de beijos e o prender na cama pelo resto da vida. Mas sabia que tal coisa seria impossível, ao menos a hipótese de prendê-lo na cama.

- Henry? - Murmurou, relutante. Ele havia ouvido a voz, mas em sua frente apenas tinha visto um borrado. Após espreguiça-se e a informação carregar em sua cabeça, ele virou-se na cadeira de rodinhas e se levantou, vendo o seu loiro ali em pé, bem na sua frente - Henry! - Exclamou, pegando-o nos braços e o enchendo de beijos. O de olhos azul escuro acabou rindo, por ter acontecido o contrário. - Por que não me avisou?

- Só você pode ficar com o papel de rebelde e namorado cheio de suas surpresas? - Questionou, percebendo que ainda continuava um pouco maior que o moreno. Sabia que aquilo já chegou a irritar o outro algumas vezes.

- Só. Fico muito melhor com a imagem de rebelde impulsivo, você combina mais com o papel de uma cinderela presa em uma torre pronto para ser salvo. Só fico na dúvida se o dragão é seu irmão ou sua avó. - Recebeu uma revirada de olhos do loiro, e um selinho. - Se não tivesse vindo, não sei se aguentaria mais um dia.

- Não minta pra mim, fico com ciúmes dos jornalistas. Eles te vêem mais do que eu. - Fez um bico, e Alex o mordeu, fazendo ambos rirem.

- Não se faça de principezinho birrento que assim eu não me contenho.

- Não pedi para se conter. - Alex ergueu uma sobrancelha castanha. Henry sempre foi mais solto e atirado que ele. Bom. Eles intercalavam. Continham seus momentos. Mas tinha vezes que era pego de surpresa, como agora.

Eles não se viam há meses, que para ele pareceu anos. Se preocupava com o trabalho, mas se pudesse, jogaria tudo para o ar para viver colado no loiro. Henry provavelmente não sabia, mas Alex com certeza é o mais dependente na relação deles. Trabalhava demais para a saudade e a vontade de viajar até onde o loiro mora não lhe vencer. Sentia-se sozinho, mesmo na companhia de Nora e June, durante os dias que se passavam. E só conseguia relaxar, e se sentir em paz, quando estava com o namorado. Henry possuía um dom incrível de consegui-lo fazer sair da realidade, e entrar em um mundo só deles, é um sentimento indescritível. Algo que fazia Alex querer largar todos os seus sonhos, desejos, metas, tudo. Completamente tudo. Apenas para permanecer ali, ao lado dele, vendo-o sorrir. 

Sua maior ambição era Henry.

- Eu te amo. - Alex disse, o abraçando mais forte. Como-se o loiro fosse querer fugir. Já havia acontecido uma vez, entretanto, mesmo tendo a palavra do outro que nunca mais aconteceria, ainda temia tal possibilidade.

O medo ainda é presente.

Henry acanhou-se. Sim Alex é carinhoso, se mostrou ser muito além disso depois que perceberam que ambos se gostavam, entretanto o príncipe ainda não estava acostumado com tal coisa.

Com as bochechas vermelhas e sendo puxado para o colo do de cachos castanhos, tendo que prendê-lo com suas pernas. Respondeu-o com um sorriso cálido, enlaçando o pescoço do mexicano.

Saíram do quarto daquele jeito mesmo. Todos da casa branca já estavam acostumados com a relação do príncipe e do filho da presidenta. Alguns até haviam sido cúmplices na época que os garotos mantiveram o namoro oculto. Então ninguém deu a mínima para o casal que tinha entrado no maior quarto de visitas da casa, e contendo o banheiro com a maior banheira, depois da de June, claro.

Não precisavam daquele clichê todo de deitarem-se na cama e perguntarem como havia se passado a vida enquanto não se viram. As coisas não funcionava assim entre eles, já haviam deixado claro um pro outro o quanto não importava nada que atrapalhasse a relação deles. E nem ligavam muito também, os problemas que tiveram que enfrentar os tornaram fortes e apenas o fizeram ver quanto o amor deles seria infinito.

E se não fosse, não importava. Não tinham tempo de pensar no futuro, se o presente já os faziam felizes e satisfeitos. Óbvio que se viam um dia morando sozinhos em uma pequena cabana ao campo com um laguinho, como o lugar na primeira vez que Henry conheceu o pai de Alex. Mas eles deixariam tudo ocorrer calmamente.

Tinham a certeza de seu amor, e isso é o que importava.

Autora: Andressa Alcântara - 3 ano
Edição e Revisão: Renata Lopes

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